É adoecimento ou capitalismo?
- helenspaula
- 29 de out.
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Você já se perguntou se o que sentimos é realmente um sofrimento individual ou se é o reflexo de uma sociedade adoecida? Vivemos mergulhados em exigências que ultrapassam o trabalho. Precisamos ser produtivos, atraentes, emocionalmente equilibrados e, de preferência, felizes o tempo todo. Mas até que ponto esse ideal de felicidade é realmente nosso?
Marx (1844/2004), no capítulo “O trabalho estranhado e a propriedade privada”, descreve como o ser humano se distancia do sentido da própria atividade e de si mesmo. O que antes se aplicava apenas ao trabalho, hoje invade o corpo, as relações e até o tempo livre. Até o descanso parece precisar ser “útil” para o sistema.
Nas redes sociais, essa lógica se intensifica. Vivemos experiências pensando em como serão vistas, registramos momentos mais do que os sentimos, e acabamos medindo o próprio valor pela forma como o outro nos percebe. É como se nos tornássemos vitrines e a subjetividade fosse substituída pela performance (somos o objeto, a mercadoria)
Essa estrutura nos cansa. Damos muito, recebemos pouco e ainda sentimos culpa por não dar conta. Talvez o verdadeiro diagnóstico não esteja apenas em nós, mas no sistema que faz do sofrimento uma forma de sobrevivência.
MARX, Karl. O trabalho estranhado e a propriedade privada. In: Manuscritos econômico-filosóficos,
São Paulo: Boitempo. 1844/2004.

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